Mas não é nada como uma visão filosófica da música para reflexão. Ao contrário, será um insight egoísta (mas, para mim, extremamente agradável) de algumas das incontáveis músicas que me marcaram com fogo na consciência na última década. Não nos enganemos, no entanto. Ambos sabemos que a extrapolação fantástica-fantasiosa é inerente ao meu ser (eu viajo... e vou viajar ainda mais). A intenção é descrever sentimentos sobre faixas preciosas.
Para o primeiro a quem presto homenagens, que seja o recém descoberto (por mim) prazer psicodélico de Pink Floyd, encarnado neste CD (meu primeiro deles):
Echoes (2001) |
Entre Set the Controls for the Heart of the Sun, que entre uma viagem de doce e um bem estar piscológico e físico imensurável realmente me levou ao centro do sol, Learning to Fly que ressignificou meu conceito sobre voar e Another Brick in The Wall (part II) reaparecendo nostalgicamente, três das faixas, em especial me motivaram enormemente.
Wish You Were Here, tributo a Syd Barret, integrante dos primórdios da banda, contém uma mensagem existencial (filosoficamente falando) avassaladora. Eu não sou o mais indicado pra entender significados intencionados, mas posso arrancar alguns da minha mente confusa ouvindo os versos vezes e vezes. E mesmo assim, quando "Você trocou seu papel de coadjuvante na guerra, por um de protagonista na cela" soa, nem todos os meus neurônios em uníssono cospem uma resposta definitiva sobre o assunto.
The Great Gig in the Sky. Viajando em arquétipos e tal, pra mim, este é o som do arauto da morte. Eu imagino se alguém já não tenha morrido só de ouvir esta música. Quando susurros etéreos (característica intrínsica dos susurros) soam nos ouvidos se apresentando como a morte e quando Clare Torry protagoniza uma espetacularmente sublime emulação de morte em som, é que música se torna entendível no modo mais primal da existência... se Wish You Were Here é o som da saudade, The Great Gig in the Sky é o som do adeus.
A viagem mais viajante que eu já consegui encontrar em um som, está contida na faixa que dá nome ao CD. Echoes é a materialização da noite mais escura e horripilante da história na floresta mais tenebrosa no mundo imaginável. Isso é, até que guitarras tão sonoramente envolventes como o calor do sol trazem luz e esperança à noite mais treta já presenciada. E eu estou falando da segunda parte somente (da versão reduzida). Sobre esta faixa, não gostaria de dar opinião direta sobre o que é, no entanto. Que cada um encontre sua viagem (ou não) em um dos mais sofisticados bondes para viagens psicogaláticas.
Nick Mason, Syd Barrett, David Gilmour, Roger Waters, Richard Wright (Pink Floyd) |
Com um resgate da capacidade de reorganizar a consciência, adquirido neste ano que se passou, Pink Floyd ocupou um papel, direto e indireto, extremamente importante, solidificando bases de minha nova faceta psicodélica e suprindo minha necessidade de música ligada a ela. Os responsáveis pela minha mais nova reafirmação musical estilística, no entanto, ainda são bem vivos como banda. E neles se encontra a faceta do blues e do rock que eu gosto tanto. Para eles, não ouve um CD em especial. Eu os conheci uniformemente entre o primeiro (White Stripes) e o penúltimo (Get Behind Me Satan) CD:
White Stripes (debut album, 99) |
Se há uma banda que em todos os seus álbuns deixou músicas que marcassem, então é White Stripes. Neles eu começo a criar a designação para meu estilo musical referente a bandas da atualidade. Pra mim, White Stripes resgata parcelas do rock e do blues e os transforma em algo realmente novo, interessante e divertido. Eu os amo por isso.
Embora eu possa nomear Death Letter, St. James Infirmary Blues, Fell in Love With a Girl, Suzy Lee, The Denial Twist, The Big Three Killed My Baby, Stop Braking Down, Hotel Yorba, Hypnotize (nem dá, eu podia nomear mais da metade de todos os CDs) como abaladores de mundo por suas próprias contas, e assim poderia discursar sobre os sentimentos que me trazem à tona por página inteira do blog, há aquela que, quando me vem à mente sobre qual das preciosidades escrever, é a que minha consciência escolherá como absoluta.
A guitarra de Jack White em Ball and Biscuit é uma das mais emocionantes que eu já ouvi, na minha curta e irrisória experiência como amante de música. Não dá pra botar em palavras, de maneira, satisfatória, o prazer que esta música pode trazer. Mas eu posso dizer que, esteticamente, esta faixa pode muito bem ser a personificação direta de algum estilo que possa dizer ter raízes no rock. A guitarra de Jack fala, ela canta... ela grita, e é prazeirosa de se ouvir. É incrível, absolutamente incrível, como se o vibrar intenso das cordas da guitarra adentrasse sue cérebro em forma ígnea e sentimento elétrico.
Show ao vivo e documentário, que saiu em março de 2010 |
Entre tantas outras que eu gostaria de citar, me reservo o direito de ter este lugar ocupado por um artista nacional. Independente do que possa passar na cabeça de você que lê, ser Brasileiro e usufruir de uma cultura musical tão diversificada quanto maravilhosa quanto esta é de uma honra e prazer tão grandes para mim que escapa ao sentimento inicial de algo que seja apenas "bom". É muito mais que isso. E tão certo quanto existem incontáveis musicáveis neste planeta que eu gostaria muito de adicionar aqui, é certo que escolher apenas um para simbolizar um gosto é certamente errôneo.
CD treta de 2006 em que Zé canta Zé, Raulzito e Vandré |
RAULZITO... êêêê, Raulzito. Meu melhor brother acha Raulzito um mala sem alça. Eu conheço uma linda mulher que acha Raulzito um xarope. Em Tente Outra Vez, Raúl me deu uma das melhores vocalizações para esperança. Em Metamorfose Ambulante, ele descreveu a base da minha filosofia de vida. Rock das Aranhas existiu em minha infância para que depois eu sacasse que esta música não tem nada demais para que tivesse sido censurada (mas também, ditadura escrota é foda (bom, independente de ser escrota ou não, ditadura é escrota, então a nossa foi uma ditadura escrota escrota)), sendo que Aluga-se o Brasil ninguém se abalou, suave, sem censura, e é extremamente treta (Isto saiu da boca de Raúl). Em Maluco Beleza ele me mostra que a loucura é ser normal em um mundo sem sentido algum no qual seguimos padrões não impostos por nós mesmo mas que temos que engolir (como somos cegos... é, tu mesmo aí que tem certeza de tudo, tu és um cego, tolo, que não vê que sua liberdade está sendo roubada em uma escala bem mais fudida que o seu narizinho lindo. E não venha encher dizendo que é assim que as coisas são. Elas realmente são mesmo, mas você gosta de usar isso como desculpa pra não fazer nada pra tentar mudar as coisas).
Caraio, daonde saiu esse desabafo? Pô, isso precisa virar um post mais tarde. Mas continuando: Pôxa, Raulzito fala tanta coisa massa em suas músicas. As pessoas se preocupam como as outras pessoas se parecem, como elas são feias ou bonitas, cheirosas ou fedidas, que elas não se dão ao trabalho de apenas escutá-las. Sei lá, mas o que Raulzito fez deve valer alguma coisa. Nessa nossa existência sem motivo aparente (CALMA! Eu disse "aparente"... mas que não tem sentido não tem mesmo), trabalhar tão intensamente dúvidas tão primais do nosso ser deve ser extremamente valioso. Não deve?
Raulzito, Pink Floyd, White Stripes...
ACDC, Beatles, Zé Ramalho, Red Hot Chili Peppers, Vinícius de Moraes, Ray Charles, David Bowie, Chico Buarque, Bezerra da Silva, Gorillaz, Arctic Monkeys, Gilberto Gil, Mestre Bob Marley, Stevie Wonder, Cartola, Luíz Gonzaga...
Existem tantos que eu gosto, e tantos que eu não conheço e tantos que eu não gosto que tem valores tão maiores aos olhos de outros, que falar sobre alguns como se fossem os mais treta é difícil. Mas acho que isso todos entendem numa boa. Este longo post foi looooongo... mas infinitamente prazeiroso. Obrigado por dividir este momento comigo (estranho, estranho, mas tem alguma lógica, não tem?).
Espero que possamos ter outros como este. Até mais, até o próximo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário