quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Divagações Sobre Liberdade


Schopenhauer sobre Liberdade (tradução pessoal):


"Todos acreditam ser, a priori, perfeitamente livres - mesmo em suas ações individuais - e pensam que a cada momento podem começar outra maneira de viver... Mas, a posteriori, através da experiência, descobrem que não são livres, mas sujeitos à necessidade, ao ponto de apesar de todas as suas reflexões e resoluções suas condutas não serem mudadas, e que do princípio de sua vida até o fim dela, precisam carregar o próprio personagem que eles mesmos condenam..."

"The Wisdom of Life", Arthur Schopenhauer



Dentro de um universo determinista as possibilidades de ação são atreladas aos acontecimentos passados e presentes, bem como suas respectivas expectativas para o futuro. Qualquer decisão a ser tomada é diretamente dependente de seus fatores. Logo, a concepção de livre arbítrio relega-se mais aos valores morais do que praticidade física. No mundo das ideias de Platão, Liberdade seria, neste caso, um conceito verdadeiro, perdendo seu teor aplicado ao mundo real.

Ao invés de aplicar um conceito à palavra Liberdade, tentarei mencionar pontos importantes para a formação filosófica e conceitual da palavra. Antes da formação de grupos sociais significativamente grandes (à ponto de formar "Contratos Sociais" explícitos (cujo ponto será retomado logo abaixo)) havia o "Estado Natural", primeiramente mencionado com esta denominação por Tomás de Aquino, padre católico do século 13 (no entanto, para ele, como a visão aristotélica do mesmo assunto, viria depois do estado do "Contrato Social). Thomas Hobbes e John Locke, junto com outras vertentes do pensamento iluminista iniciado por volta do século 17, relacionaram o termo como precedente ao "Contrato Social".

Segundo Thomas Hobbes, o "Estado Natural" é o momento antes de qualquer poder, onde se observam os "Direitos Naturais": "...[O Homem pode] usar de seu poder, como desejar, para preservar sua própria Natureza; em essência, sua própria Vida; e, consequentemente, de fazer o que achar mais apto, de acordo com seu julgamento e a Razão, para tal." Neste caso os homens são iguais perante si, e então dispostos à guerrear pelo que quiserem, uma vez que tem o direito natural e liberdade para fazer tudo em seu poder que achar necessário para manter sua própria vida. Assim, "a vida seria solitária, pobre, bruta e curta". Vale lembrar que, ao século 18, Jean-Jacques Russeau contestou o modelo de "Estado Natural" de Hobbes, descrevendo que este somente retirava o padrão social de um cidadão em uma sociedade e o jogava em um mundo inóspito (vale lembrar também que a a visão de Russeau dizia que seres humanos não eram inerentemente bons ou maus, e era a sociedade que maculava sua pureza).

Neste "Estado Natural" não haveriam leis e obrigações, apenas liberdades.


John Locke dividia os "Direitos Naturais" em três (interessantes para nossa discussão sobre Liberdade):


Direito à Vida: Todos tem direito de viver uma vez que criados.
Direito à Liberdade: Todos tem o direito de fazer o que querem enquanto isto não entre em conflito com o primeiro direito.
Direito à Propriedade: Todos tem direito de possuir tudo que criaram ou ganharam através de presente ou comércio, enquanto isto não entrar em conflito com os dois primeiros direitos.


Ressaltando: Uma vez que, hoje, todos os territórios da Terra foram tomados por "Estados", a ideia de direitos naturais de Locke cai por terra.

No entanto, alheio à vontade e filosofia humana, desde o princípio da vida neste planeta, existir e manter a existência requer gastos. Inerente à vontade de se realizar o que quer, a manutenção da vida requer investimento energético, de variadas formas. Com a evolução das sociedades e distribuição do trabalho, nas imensas "Colméias Humanas", bem como o reconhecimento da valia de diferentes empregos e esforços, o custo de outrora (caçar, coletar ou cultivar, como exemplos primordiais (o último exclusivamente humano)) modificou-se, tornando-se hoje, e isso desde algum tempo, o chamado "pagar as contas". O estabelecimento deste "pagamento de contas" não exclui tal prática do contexto de se fazer manter a existência, uma vez que é a organização do estado humano em sociedades como tal estabelecidas que permite que tal modo de interação social seja capaz de suprir as necessidades básicas de sobrevivências (a principal sendo alimentar-se). Em alguma outra época o "pagamento de contas" seria muito bem o investimento energético e estratégico envolvido em uma caçada ou cultivo.

A facultação deste "pagamento de contas" envolve o uso do investimento energético de outrém, resultando em um sistema filosóficamente desigual, pelas leis naturais. Mesmo assim, a necessidade de se "pagar contas", para si ou para outros, é, de maneira direta, de responsabilidade de quem paga, decida-o pessoalmente ou não (neste último caso, podendo configurar escravidão, se contra a vontade do pagante). A liberdade do indivíduo está no ato de decidir como manter sua existência, usando dos meios disponíveis para tal. Mesmo que variáveis alheias à sua vontade sejam pertinentes às suas decisões, mesmo à ponto de obrigá-lo a "pagar as contas" de outrém, o emprego de seu esforço ainda pertence ao indivíduo.

É difícil escapar à este sistema, uma vez que, como dito, todos os territórios da terra foram tomados por diferentes aglomerações estatais, como se este fosse um direito natural às organizações sociais, políticas ou religiosas (neste caso, está bem relacionado com o "Estado Natural" de Hobbes, onde homens podem usar de seu poder para manter, como acham adequado, sua existência (em princípio, apenas, uma vez que o "Estado" tem a premissa social de proteção e desenvolvimento de uma determinada massa)).

Considerando este último fato, a liberdade inerente dos "Direitos Naturais" não pode mais existir. No entanto, a necessidade do já citado "pagamento de contas" é inalienável aos seres vivos que pretendem continuar existindo e o uso de suas capacidades para manutenção de sua própria vida ainda é de seu direito de escolha. Nas sociedades humanas, os possíveis nichos para obtenção de meios para o "pagamento de contas" são muitos. A maioria, no entanto, envolve a abdicação de certos direitos e liberdades naturais que ainda persistem pela própria individualidade do ser.

A ideia icônica atual de Liberdade (em relação à abdicação de direitos uma vez que se vive em sociedade), mais relativa ao Eremitismo (e em corroboração ao trecho de Schopenhauer, que inicia este texto), teria sua fundação prática em abandonar a vida em sociedade, mantendo-se em reclusão com mínimo ou nenhum contato com a civilização. Embora perfeitamente possível, vale lembrar que ainda assim seria um crime, pela falta do "pagamento de contas" ao Estado responsável por aquela região. A Liberdade, neste caso, estaria sujeita à habilidade do indivíduo de manter-se afastado sem despertar interesse de outrém por si (o que é plausível pelo imenso tamanho do planeta em relação ao tamanho de seus habitantes, que torna egocêntrica e egoísta a divisão dos estados atuais). No entanto, logo aí já começamos a ver que a manutenção da Liberdade requer outras habilidades, não somente o fato de estar vivo.

Essa necessidade de ter que manter por meios externos sua própria liberdade, no entanto, não torna a liberdade inexistente. Como a necessidade do "pagar contas" é inerente para quem quer viver, a questão de como o fazer reside dentro de cada indivíduo. Ignorar as atuais situações mundanas e sociais afim de se fazer somente o que se quer não é Liberdade (embora faça parte da já mencionada visão icônica de Liberdade atual). A história de Christopher McCandless (retratada no livro "Into The Wild", de Jon Krakauer (e, subsequentemente, em filme)) demonstra a típica visão icônica e exageradamente determinista do conceito de Liberdade em relação à Sociedade de hoje. Christopher aventurou-se por terras selvagens no Alaska, com poucos suprimentos e equipamento, anseando por uma vida simples e momentos de reclusão. Morreu meses depois, por desnutrição, ao não conseguir cruzar de volta o rio que atravessara em sua viagem de ida, ficando ilhado e sem comida. Antes de escrever este texto, recebi esta história como exemplo da falta de Liberdade experimentada atualmente pelos seres humanos. Christopher McCandless morreu por inexperiência e falta de preparo, não por sua "Liberdade" (que é questionável, uma vez que não era livre o suficiente para poder usufruir dos aspectos da vida em sociedade). Em outras palavras, Christopher morreu por não conseguir "pagar as contas".

Para prosseguir na ideia conclusiva deste texto, gostaria de mencionar a definição de uma raíz filosófica atrelada ao tema:

"Individualismo é posição moral, filosofia política, ideologia ou perfil social que enfatiza "O valor moral do indivíduo". A ideia Individualista se alinha com o exercício e busca dos desejos e objetivos de um indivíduo e valorizam independência e auto-sustentabilidade, enquanto opondo-se à interferência externa sobre os interesses do indivíduo pela sociedade ou instituições como o governo. O individualismo faz do indivíduo seu foco e começa com a premissa fundamental de que o indivíduo humano é de importância primordial na luta por sua liberação."

(Tradução pessoal da definição de uma das vertentes do "Individualismo" da Enciclopédia Britânica)

Usando este pensamento filosófico apenas como referência, pode-se enfatizar que o ato de exercer sua Liberdade é poder tomar suas escolhas considerando o meio em que se vive. Negar totalmente a realidade não é verdadeira Liberdade, é apenas basear-se em ignorância auto-infligida para obter a ilusão de que se é livre. Reagir e relacionar-se com o mundo à volta é necessário para a manutenção da vida, para o "pagamento de contas", tanto na natureza selvagem quanto na selva de pedra. O lidar com as decisões envolvidas é a verdadeira liberdade. Buscar o que se quer dentro de suas possibilidades e se esforçar para abrir a gama de novas opções, afim de se tornar mais e mais aquilo que se quer ser (este parágrafo, em contradição ao texto de Schopenhauer que inicia este texto).

No entanto, com a atual escassez dos "Direitos Naturais", a Liberdade tem que ser exercida de acordo com o ambiente em que se vive, pelo fato da existência do meio ser inalienável ao ser vivo. A ignorância com fins de obtenção desta Liberdade é uma enganação, e o conhecimento empírico, a experiência de vida, é o que mostrará como exercer sua capacidade de livre arbítrio. A Terra tem aproximadamente 510.000.000.000 de metros quadrados de extensão, enquanto seres humanos ocupam, um por vez, aproximadamente 1 metro quadrado, todos juntos pouco mais de 7.000.000.000 de metros quadrados. Nem todas as "maquininhas" humanas, e nem com todos os outros animais deste planeta, a Terra se encontra coberta. Há inúmeras possibilidades de existência, e para cada pessoa uma vontade diferente. A Liberdade está em se buscar seu próprio meio de "pagar suas contas", em se fazer valer, com sua capacidade e experiência, a realização prática de seus desejos, considerando o mundo em que se vive e as limitações básicas para a existência.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sem Nome #2



Enquanto vago sozinho,
Desejando o barulho,
Esse rotineiro destruidor da solidão,
Descubro que é sempre a noite
Aquela que faz os solitários bem vindos,

Onde o silêncio traz à tona todos os sons,
Onde a escuridão traz à mente todas as cores,
Onde a imaginação pinta quadros de medos e dores,
Onde lágrimas e sorrisos não podem ser vistos,

Na noite não se vêem os trapos e jóias,
E o rufar angustiante das paranóias,
No silêncio onde os pensamentos tem ecos,
Vai enfraquecendo pouco a pouco,
Vou sacando, de tecos em tecos,
O que me faz são e o que me faz louco,

Temores sempre vêm... creio que sempre virão,
Desato os nozes de insatisfação,
Planificando o que não tem nem dimensão,
E me assombro com a eficiência segura
Com qual minha mente escreve em refrão:
Providência, motivo, causa e razão,
De coisas que pensava sequer compreender,

Alegria e tristeza que durem pra sempre..
Não têm...
E nos tempos tristes e sós que vão e que vêm,
Continuarei um bem-vindo na terra de ninguém,

Na noite...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Solidão






Diga adeus às cascas. Na solidão não há cascas. Não há mentiras para si, à menos que você berre em pensamentos até se cansar e cair no sono. Mas aí terá que fazê-lo constantemente, diariamente. Na solidão há você... você com você mesmo. E o ser humano, este ser irriquieto, torna à revolver e remexer seus 'poréns' consigo mesmo, uma vez que na solidão você é todo ouvidos para si mesmo.


Na solidão suas frustrações arranham a mente. Se você não é capaz de conviver com elas é aqui que elas ecoam de maneira ensurdecedora. Se você as conhece e respeita é aqui, na solidão, que elas sempre voltam pra bater papo. Vem e perguntam "E agora, José?". Na solidão o medo e a insegurança estão sentados na mesa, jogando cartas com você. Não como inimigos, à menos que você os trate desta maneira, mas como partes inerentes de seus desejos e vontades.


A solidão pode ser constante, mesmo se você estiver cercado de pessoas. Na solidão você realmente chega à conhecer você, de uma maneira que ninguém mais conhecerá. Para sobreviver na solidão talvez seja preciso ser o oposto do que se é quando em conjunto. Talvez para um corajoso seja necessário ser um covarde, talvez vice-versa. Na solidão o único padrão é você. Se for tendencioso, radical ou indeciso só afetará você e ninguém mais. Quaisquer mágoas e ressentimentos advindos de estar só somente poderão ser atribuídos à você.


A solidão geralmente se faz perceber quando a atenção está voltada para si. Certos sentimentos podem, imediatamente, reverter os pensamentos para si. Vergonha, medo, insegurança, orgulho... Alguma coisa não condiz com o esperado/planejado/entendido e você já pode estar sozinho. Um mecanismo natural, agravado pela tristeza ou melancolia, se sentir sozinho é um meio de voltar a atenção à assuntos que dizem respeito apenas à si mesmo. Lá, no ambiente vazio que apenas você ocupa, os sons de suas soluções, desculpas e razões reverberam nos limites do ego. Lá, o 'você' busca as respostas para seus próprios dilemas e problemas.


Estar sozinho requer o pleno apreciamento de si mesmo, para o bem ou para o mal. Talvez você não se suporte sozinho, talvez seja o único lugar onde possa habitar tranquilamente. Por vezes a solidão poderá ser um ou outro, dependendo do veículo que o trouxe aqui.


E você? Está pronto para estar só? Se sente em mente sã para trilhar caminhos que ligam partidas e chegadas que você mesmo inventou, em sapatos e solo que seus próprios conceitos construíram? Pode encontrar na solidão o que procura, mesmo que seja apenas um segundo ou então uma emoção? Está pronto para ser você, com toda a carga que você traz para si?


Saiba, você não é o único... somos 7 bilhões (e contando). Sete bilhões, sós, em um momento ou outro de nossas vidas. Sete bilhões buscando abrigo ou liberdade de lugares que não existem no espaço real, apenas no quadrado imaterial que produzimos em nós mesmos, onde nos escondemos ou confinamo-nos.


Minha opinião, como escritor, é que, em como todos os aspectos da vida, qualquer e toda dimensão pode ser explorada para nosso crescimento ou auto-destruição. Esta última frase, no entanto, tem o peso de um ego, e deve ser tratada como apenas um ponto de vista. Talvez o segredo seja ignorar a solidão... Talvez...


Você que está só... agora que está aqui...


... e agora?

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sincero

PS.: (PS porque foi adicionado depois do fim do texto) Eu estava ouvindo isso aqui enquanto escrevia:





Hoje eu acordei meio triste. Acontece, o humano fica triste. Já diziam meus sábios parentes, não há alegria nem tristeza que perdure para sempre. Faz um tempo que não escrevo de mente livre e sem peso por aqui. Por isso, peço desculpas à vocês leitores (mesmo se você só estava de passagem e leu alguma loucura que comumente pode ser avistada aqui (ou se você sempre vem e bebe da loucura que transborda dos significados tortos e direitos que eu acabo jogando nas linhas das postagens)). Escadas Para vai continuar funcionando, não importando seus tediosos hiatos ou momentos de hiperatividade.


Hoje, depois de muito tempo, andei lendo coisas do passado, reavivando memórias, transformando um momento de sobriedade na prova que a beleza que se vê no mundo realmente está em nós, e não inerentemente em outros aspectos de nossas vidas.


Hoje eu resolvi escrever isso pra vocês. Não pretendo revisar este texto de maneira sistemática, não quero que a sinceridade que sinto estar imprimindo nestas frases se esvaia. Não que não haja sinceridade nas outras postagens, mas hoje não estou tomando cuidado para não ser tendencioso. Hoje estou sendo egoísta e egocêntrico, enquanto falo sobre o que penso quase que irrestritamente, segurado apenas pelo que sinceramente não gostaria de falar.


Hoje eu estou feliz, ó criatura esquizofrênica, o ser humano. Hoje eu sei estar aqui, hoje eu sei ser eu. Hoje o que eu sinto é o que eu sinto e minhas fraquezas e forças são exatamente o que são, desmascaradas de outras fraquezas e forças que acredito possuir (assim espero). Não estou fazendo força para ser entendível, embora tenha uma estranha sensação de estar falando de algo que possa ser compreendido por qualquer ser humano.


Hoje me vem à mente as nostalgias de risos e choros passados, de prazeres e dores. Hoje é dia de drama? Quem sabe... não querer falar sobre drama não seria também um drama? Nah, termos e significados são palavras e, de tempos e tempos, palavras são surpreendentemente ineficázes em trasmitir ideias e pensamentos. Enquanto você lê, talvez esteja pensando que tipo de pessoa sou e se você me conhece talvez esteja pensando no que eu estava pensando enquanto estava escrevendo isto. É bom poder conversar com você. Neste aspecto, no entanto, eu sou só letras e palavras. Mas se você soltar sua imaginação, me conhecendo ou não, me entendendo ou não, você poderá conversar com estas letras e palavras como se estivesse conversando comigo.


Eu não sei quem é você que está lendo, mas estou pensando em você no momento que escrevo. Seus olhos percorrendo as linhas, sua mente refletindo e comentando sobre cada linha (mesmo que seja só pra criticar). É importante salientar, novamente, que neste momento estou sendo sincero. Pensando por este lado, se eu fosse mentir pra quem nem sei exatamente com quem estou falando, talvez fosse uma mentira pra mim mesmo.


Continuo tirando pensamentos e colocando-os no "papel", a sobriedade perdendo seu efeito ao notar as estranhas coisas que continuo à escrever. Quem sabe? Talvez, se você também está conversando comigo com sua imaginação, não sejam coisas tão estranhas assim. Ou talvez sejam, e nós sejamos estranhos por estar falando de coisas estranhas. Talvez sejamos normais por poder entender coisas estranhas. Talvez tantas coisas. Que viagem.


Há! Veio aqui um vizinho, passou por mim, me viu em frente ao computador. Me perguntou se eu passava estas horas que fico em frente ao computador somente em redes sociais. "Também", respondi à ele. Falo sobre loucuras e estranhezas com você, que não sei quem é (embora estejamos conversando (com bom uso de sua imaginação)), mas não me sinto capaz de igualmente dividir este papo com meu vizinho. Gostaria de poder fazê-lo, mas escrever pra quem não se saiba quem é e com alguém que saiba são aspectos diferentes de moedas diferentes. Físicamente, é a prova que eu não estou realmente conversando com você, você só está lendo estas coisas todas. Mas eu pensei em você enquanto escrevi isto. E se você está pensando em mim enquanto lê, não seria essa uma conversa também?


Sinto que poderia continuar com esse papo por horas e horas. Não porque estou te imaginando como alguém que aturaria esse papo (se fosse isso estaria imaginando alguém específico, e não você) mas porquê me uso do fato de estar escrevendo pra continuar inflingindo a conversa. Mas tá legal, já, curti a ideia, meio esquizofrênica, admito, admito, mas a loucura também faz parte da vida. Se a loucura está aí de qualquer jeito, ao invés de sofrer com ela, eu prefiro me divertir com ela. Ei, vou tentar voltar à escrever com frequência, vice? Escadas Para ainda está funcionando, com certeza, só sujeito às inconstantes viagens do escritor. Obrigado pelo papo, foi muito bom falar com você, espero que você tenha curtido também. Eu tentei ser sincero (hahaha mas também, nunca falei que iria fazer sentido).

domingo, 3 de junho de 2012

Ser Pothead

Lindo texto de um amigo genial que já passou por aqui antes



Ser Pothead

Ser Pothead é nadar contra a onda
Mas apesar dos pesares é saber surfar.
Surfar neste mundo sem prancha
Surfar nesse mundo sem mar.

Ser Pothead é saber voar
Mais longe , mais fundo, mais alto
Conseguir ver o mundo inteiro brilhar
De perto ou lá do espaço.

Ser Pothead é moscar
E andar no sapatinho
Esquecer depois se lembrar
De bolar mais um fininho

Ser Pothead é estar atento
Com todos os males do mundo
Sempre esperto com o vento
E o medo de ser vagabundo

Ser Pothead é brisar no nada
Andar calmo e bem devagar
Sempre com toda a rapa
Sem se importar com o lugar
 
Vinícius Gaiba CP

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sem Nome #1

Tento,
A atitude pode ser insensata,
Como o pensamento,

Sonhar é gratuito, disseram-se os sonhadores,
Que papo louco de sonhador,
Dizer que ama o amor,
Para cada ardor de paixão,
Um sonhador há de ser o vilão,
De uma história que quer ter um final infeliz,

Usando orgulhosas ideias honrosas,
Contra paranóias estranhamente formosas,
E usando um bloqueio poético,
Como desculpa para matar o arquétipo
De sonhador, ao qual dá mais valor
Que quaisquer quantias de vinténs no bolso,

Já diziam os antigos:
Língua não tem osso!
Digo como um dos novos:
Tudo bem, poesia tem gosto!

Odes tortos à mulheres direitas,
Ou vice e versa,
Quem dirá que não se pode amar
Qualquer donzela de qualquer lugar?
Na madrugada não importam os poréns,
Embora um autor há de sempre lembrar:
São perigosos os que sonham de olhos abertos
Por não saber quando se encontram despertos...

Guardo as ressalvas no bolso,
Haverão de ser úteis,
Faço as preocupações fúteis,
Sonho com a próxima paixão futura,
Afinal, o mundo não é uma loucura?

Pedro A. Cescon

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mantenha Viva a Chama

Esteja torto e quebrado,
Esteja estirado na cama,
Esteja fudido e enquadrado,
Mas mantenha viva a chama,

Chore as tristezas,
Ria as alegrias,
Aproveite as belezas,
Aprenda com as manias,

Meta-se nas confusões,
Crie as confusões,
No mar de informações,
Surfe, navegue, mergulhe,

Deixe-se encharcar pela chuva,
Encolha-se perto da fogueira,
Pinte as unhas, use luva,
Faça à sua maneira,

Vá lá fora, dance um rock inaudível,
Queime uma tronca, fique de porre,
Seja volátil, veloz e volúvel,
Embriague-se na sobriedade,


Saia para passear com o cachorro,
Vá visitar as montanhas, lá longe,
Pegue mil e umas na balada,
Vire um monge,


Pequeno, grande, ou qualquer,
Seja o que faz ou que manda ou que clama,
Escolha o que quiser,
Mas mantenha viva a chama,

Tente outra vez,
Do caos à lama,
A chama o fez,
Você faz a chama,

Se estiver velho, renove-se,
Se estiver imaturo, observe,
Se estiver pronto, avance,
Se estiver preocupado, espere,

Mas seja o que for,
Com dor ou amor,
Com quem machuca ou quem ama,

Sempre...

Mantenha viva a chama!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Caleidoscópio

Caleidoscópio




Abriu as janelas da mente
Na brisa condescendente das manhãs
Que mais são brisas que manhãs
Mas que cujos nomes e títulos
Somente ela poderia dar-lhes


Viu por entre as luzes por entre os ramos
Enquanto perguntava "à quanto estamos?"
Ao quanto que respondiam-na, insanos,
Uma vez mais, respostas à outras perguntas


"Dizia vãs abobrinhas"
Julgavam as mentes mesquinhas,
Mal saberiam os tolos
Que eram mágicas linhas
De sonhos que vivia acordada


E tinha o mundo no bolso
E SABIA que era verdade
Mesmo com a desdenha daqueles
Que sustentavam tortas vaidades


E escrevia dores e amores
Com roupas de paixão e alento
Em estampas de vívidas cores
Nos finos tecidos do vento


E dava nomes e formas
Às tolas regras e normas
Que decerto seriam mais certas
Vestidas com as artimanhas espertas
Da jovem de certezas incertas


Tão incrível e bela
Que, mesmo no poço mais fundo,
À um simples pensamento dela,
Já bailava no topo do mundo




Pedro Cescon






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Parabéns, Lud, Feliz Aniversário  =)