terça-feira, 25 de março de 2014

Para E. L.

Uma aventura, aquela noite,
E, pelo simples ser,
Pudemos nos ver,
Pudemos nos ter,
Algumas vezes depois,

Não demorou para que morastes ali,
No coração, onde nehuma havia, antes, morado,
E os risos e os choros, muitos, que dividimos,
Todos me deram a certeza de que você
Pertencia àquele lugar,
Embora talvez não a certeira moradora,

Crescemos, vivemos, aprendemos,
Mas por algo, ou alguém,
Cada vez mais aquele lugar, em meu coração,
Cujo espaço era seu para usar,
Foi sendo negligenciado,

Teias de aranha nas quinas do teto,
Uma fina camada de pó, cobrindo o tapete,
Você ainda agia como a moradora,
Mas descuidava cada vez mais da morada,

Dizia que vinha, e faltava,
E de outras histórias, sabia que as suas
Eram mentiras, o que doia mais por seu olhar fugidio,
Do que pelos próprios fatos ocorridos,

Eu sempre só quis o seu bem,
E sei que você nunca quis meu mal,
Mas você também só queria seu bem,
E eu, tolo, continuava à convidá-la,

No fim, o canto do coração ficou bagunçado,
Remexido, vazio, com algumas de suas fotos na parede,

De longe, agora só como lembrança,
Você ainda dizia:
Vamos relembrar, pelos velhos tempos,

Mas sua ausência ainda estava lá,
Nos dias de sua jurada presença,

Hoje, ainda dói, não posso mentir,
Mas já comecei à organizar o lugar,
Ainda não consegui tirar todos da parede,
Mas, um à um, seus retratos foram caindo,
Sozinhos, apenas pela falta de cuidado,

Sempre vou lembrar com um sorriso,
Dos bons tempos,
E com austeridade,
Dos mals,

Te desejo sorte,
Que encontres um canto em algum coração,
E que, desta vez, cuide bem do seu amor,

Desejo à mim a mesma sorte,
Que nossas estradas levem à ótimos destinos,
Cada qual para seu lado,

Seria esta uma carta de adeus?
Acho que não, você não leria, de qualquer forma,
Mas talvez, seja para que eu possa, apenas,
Escrever estas palavras em minha própria mente,

Já é hora de ser feliz,
Passou até...
Então, para você que fez parte da minha vida,
Cuide-se,

Deste lado de cá,
Cuido-me